A Onda Que Abalou Assis em 1995
CLÁUDIO TSUYOSHI SUENAGA
No início de 1995, uma onda de proporções gigantescas atingiu toda a região Oeste do Estado de São Paulo – o Pontal do Paranapanema –, principalmente Assis, cidade de 100 mil habitantes a 432 km da capital paulista. Por coincidência, na época desenvolvíamos a primeira dissertação de mestrado no Brasil abordando o fenômeno OVNI no campus da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), localizado justamente nessa cidade, e pudemos assim ir a campo e entrevistar inúmeras testemunhas. É raro encontrar uma onda em que tantas facetas do fenômeno tenham se concentrado. Assis constituiu um autêntico laboratório do problema estudado, além de ter oferecido a oportunidade direta de desvendarmos parte da trama que a política das hegemonias tem procurado monopolizar, abafar e tornar controvertido.
Antecedendo a “grande onda”, houve uma espécie de “ensaio” em uma comunidade estabelecida numa fazenda próxima à cidade de Presidente Prudente, a 134 km de Assis. Desde junho de 1994, integrantes de quatorze famílias da Comunidade do Bom Pastor andavam às voltas com luzes que realizavam manobras e até desciam à altura do solo, conforme apurou o ufólogo e editor da revista
UFO Ademar José Gevaerd (ver edição nº 35, janeiro de 1995, p. 28-30), que foi pessoalmente ao local fazer levantamentos.
O primeiro caso da onda de Assis soa como um prenúncio do que estava por vir. No dia 5 de janeiro de 1995, por volta das 2h30, a insônia acometia a costureira Maria Aparecida Pugliese, 45 anos, residente na Vila Operária. Resolveu então se sentar no quintal dos fundos para respirar um pouco de ar fresco. Não demorou para que sua cadela começasse a latir furiosamente em direção ao céu. Maria, supondo que um gato andava pelo telhado, espantou-se ao ver que na verdade tratava-se de um enorme objeto oval meio disforme, brilhante (como uma “lâmpada fluorescente”) maior que a Lua cheia, que fazia movimentos alternados, mantendo uma distância de cerca de 400 m de onde se encontrava. Segundo ela, quando o objeto (que parecia ser feito de “vidro” ou “metal transparente”) girava, alguns “ganchos” pendiam para baixo. No desenho de Maria, o objeto assemelha-se a um “vírus” ou “bactéria” que lembra as “criaturas” flutuantes do quadro Céu Azul, do pintor expressionista russo Wassily Kandinsky (1866-1944). Emitia lampejos que ofuscavam seus olhos e um chiado intermitente (como o de um rádio mal sintonizado) que penetrava em seu cérebro. Por um breve período sentiu a mente paralisada, com a impressão de que alguém a comandava. “Parecia que tinha uma força magnética, um imã no objeto. Senti medo e uma batedeira no coração”.
O OVNI, multicolorido, de esverdeado passou a lilás mais claro e depois para um alaranjado muito forte (esta cor foi a que mais lhe atacou a vista). O objeto soltou ainda um chuvisco “parecido com o chuvisco da tevê” (vale lembrar que tal como muitos outros, o contatado Gênesis Moreira, de Guaianazes, também comparou a luz que apareceu em seu quarto com o “chuvisco de tevê”). De repente, aumentou sua luminosidade (fez um “zoom”) e “Quando pisquei os olhos ele sumiu como se tivesse apagado”. A cadela, de tão amedrontada, naquela madrugada refugiou-se sob a cama do casal, lá permanecendo até o amanhecer. Apesar dos olhos muito irritados, Maria ainda conseguiu dormir até às 7h30. Durante vários dias os olhos de Maria sofreram coceira, ardência e lacrimejação. Curiosamente, as goiabas de uma árvore do quintal, mesmo fora de época, amadureceram antes do tempo.
A onda tomou vulto em sete de janeiro, quando um objeto foi avistado ao mesmo tempo em todos os arredores da cidade. A própria Maria o viu, mas como parecia menor do que o da vez anterior, não deu muita importância.
Por volta das 23 horas, seus vizinhos conversavam distraidamente nas calçadas quando a menina Natália Caetano Vieira Pinto, então com cinco anos, que andava de bicicleta, chamou a atenção para um objeto oval branco-avermelhado estacionado acima dos fios de alta tensão da Fepasa. Quase toda a família de Natália viu o objeto. O aposentado Roque Vieira Pinto, 63 anos, avô de Natália, estava dentro de casa e foi atraído pelos gritos na rua: “O objeto era uma esfera brilhante com cerca de 60 cm de diâmetro que alternava várias cores (azul, amarelo, abóbora). Na lente do binóculo ele parecia mais escuro. Um círculo com uma pequena faixa brilhante era discernível. A olho nu parecia girar em torno de si mesmo”.